O que a sua equipa quer que deixe de fazer

O que a sua equipa quer que deixe de fazer
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Vineet Nayar, vice-presidente da HCL Technologies, levantou esta questão na Harvard Business Review. Segundo este, tudo começou a partir de um jovem e talentoso diretor que lhe pediu conselhos ao confessar que, apesar dos seus grandes esforços, não conseguia dissipar o desinteresse da sua equip e que não percebia o que estava a fazer de errado.
 
Vineet Nayar sugeriu-lhe "Porque que não perguntas à tua equipa?”. 


Nayar relembra uma reportagem recente que confirma que tem havido uma maior desconexão entre as equipas e os seus líderes. Mas porquê?

Nayare decidiu fazer um questionário ao seu universo dos média social com a pergunta “Qual a coisa que quer que o seu chefe deixe de fazer?” Colocou a questão no seu Facebook, Twitter e na plataforma interna de média social da HCL, o Meme, e ficou surpreendido com o elevado número de respostas, referindo mesmo que achou que “todos tinham algo a dizer e pareciam que estavam à espera que alguém fizesse esta pergunta.” 

De entre todas as respostas, Nayare destaca os seguintes conselhos como sendo os melhores: 

- Não ofusque; diga como é, logo de uma vez. “Diga como é, logo de uma vez, sem ter a preocupação de magoar os sentimentos da pessoa” dizia uma resposta. A resposta seguinte foi ainda mais direta: “Diga logo que está insatisfeito com o que tenho feito”. Uma terceira reposta foi ainda mais longe: “Informe as pessoas de qual é sua verdadeira situação. Saberão como gerar ganhos se lhes der a realidade concreta."

Nayare refere sobre estas respostas, que “não é preciso pintar tudo de cor-de-rosa para os funcionários de hoje em dia, pois estes conseguem ver quais as suas falhas e quais os seus sucessos e têm pouca paciência para comentários que não sejam diretos.”

- Pare de dizer aquilo que já sei. Oriente-me, dê-me o poder para, e ajude-me, foram as mensagens que mais deixaram. Dêem-nos ”liberdade, oportunidades e orientação” escreveu uma jovem no Facebook. Esta foi seguida de “Aprenda a delegar” no Twitter. Crie uma plataforma para que a sua equipa possa trabalhar e proteja-os ao dar-lhes orientação e ajuda."

Nayare diz-nos que “é tempo dos líderes deixarem de dar o conhecimento e começarem a capacitá-lo”.

Não se afaste; sirva de exemplo.  Nayare diz-nos que “as pessoas querem que os seus líderes sejam a mudança que eles tanto defendem. Procuram alguém que sirva de modelo, o que é evidente pelos comentários: “Faça aquilo que diz e sirva de exemplo. Preciso de saber que estamos nisto juntos” e “Acabe com a falta de congruência entre as suas ações e as suas palavras, porque preciso de confiar em si."


O sucesso de Mahatma Gandhi como líder é normalmente atribuído a traços de caráter como a visão, a coragem, a convicção e a perseverança, mas o que menos se sabe é que ele fazia aquilo que dizia.​


- Pare com os favoritismos. Nayare diz-nos que “mesmo que a organização tenha adotado indicadores-chave de desempenho (KPI) com objetivos e resultados mensuráveis, vale a pena refletir se estes se aplicam a todos. Alguns dos comentários foram: “Um cavalo e um macaco não podem ser ambos avaliados com base no poderem subir às árvores”, ou “recompensem o desempenho e não o fanatismo."

Conseguimos sempre identificar o funcionário que subiu dentro da empresa, apesar do seu fraco desempenho, porque foi cordial e não feriu o ego a ninguém. Isto era excessivo até aparecerem os objetivos mensuráveis. O problema é que isto ainda acontece. De facto, a necessidade de medir e ser objetivo não consegue ainda ser salientada o suficiente.”

Seja menos chefe e mais líder. Nayare destaca a chamada de atenção inequívoca para os líderes apreciativos, empáticos e dignos de respeito. “Lidere pelo exemplo e não pelas regras” escreveu um jovem no Facebook. “Parem de controlar as pessoas” acrescentou outro. Uma terceira pessoa citou Gordon Selfridge: “Um chefe inspira medo, um líder inspira entusiasmo.”

Para Nayare, isto não são casos isolados. Este relembra-nos o Kelly Global Workforce Index de Setembro 2012, que estudou a desconexão da liderança em 30 países, e que constatou que menos de 4 em cada 10 empregados (38%) encontravam-se satisfeitos com os atuais estilos de liderança utilizados pelos seus gestores. Nayare sugere que verifique se há alguma desconexão entre o seu estilo de liderança e as expetativas da sua equipa.

Segundo Nayare, “se achar que isso é uma possibilidade, comece a reunião de segunda-feira de manhã com a seguinte pergunta: O que querem que deixe de fazer enquanto vosso chefe?"

Fonte: HBR


Vineet NayarVineet Nayar é vice-presidente da HCL Technologies, uma empresa de tecnologias de informação internacional sediada na Índia. É autor do livro Employees First, Customers Second.