A maioria dos líderes orgulha-se da sua capacidade para tomar decisões, mas quando a tomada de decisão afeta terceiros, muitos sentem-se pouco à-vontade para o fazer. E a tentação para delegar pode ser tremenda.
O estudo de três investigadoras americanas, publicado na versão online da Organizational Behavior and Human Decision Processes, na ScienceDirect, analisa o que leva/motiva as pessoas a delegarem e quando é mais provável que o façam. Mary Steffel, Elanor F. Williams e Jaclyn Perrmann-Graham referem, num artigo na Harvard Business Review, que, “embora as pessoas defendam com unhas e dentes a sua capacidade de tomar decisões, descartam de boa vontade a tomada daquelas decisões que possam vir a afetar outros, sobretudo quando as opções têm resultados pouco apelativos”.
As autoras da pesquisa concluem que os profissionais se sentem pior quando têm de tomar decisões que possam ter resultados negativos para terceiros por comparação com a tomada de decisões que teriam consequências idênticas para si próprios. Neste sentido, por que é que os líderes se esquivam à responsabilidade que é tomar decisões?
Culpas e responsabilização
Tem tudo a ver com culpas e responsabilização, observam as investigadoras. Quando confrontados com a tomada de decisão, os líderes têm a preocupação de, se as coisas derem para o torto, poderem ser culpabilizados. E, para evitar o risco, passam a tarefa a outros.
Mas este não é o único motivo que leva os líderes a delegar. Quando a identidade do decisor é desconhecida os líderes são ainda mais propensos a passar a tarefa para outros. O facto de serem responsáveis pelo resultado, mesmo que as restantes pessoas não saibam quem tomou a decisão, faz com que muitos líderes se sintam desconfortáveis.
Quando delegar
As investigadoras observam que, quando os líderes “são capazes de decidir de forma mais rápida e com maior conhecimento do que os restantes”, é importante que assumam a responsabilidade e tomem a decisão. Denotam também que “a falta de vontade para delegar pode ser ineficiente e stressante para gestores e trabalhadores”.
Em quem delegar é outra decisão importante. As tarefas podem ser delegadas para cima ou para baixo. Aqui, as docentes detetaram um padrão comum. “Os participantes no estudo apenas delegam quando a outra pessoa tem um status igual ou superior e fica oficialmente responsável pelo resultado da decisão. E evitam delegar em subordinados, independentemente de quem é oficialmente responsável, porque acreditam que assumiriam à mesma a responsabilidade e as culpas se a opção tomada tivesse um mau resultado”.
Grandes decisões
Enfrentar uma decisão difícil que afeta os outros de modo negativo é, sem dúvida, um dos grandes desafios para os profissionais em cargos de liderança. Este estudo mostra que, para os líderes, optar por tomarem eles próprios a decisão pode ser a melhor escolha de todas.
19-02-2018
Portal da Liderança