Take a vacation. Seriously! – Camilo Lourenço

Take a vacation. Seriously! – Camilo Lourenço

Se você é leitor regular do Portal da Liderança sabe que por esta altura, a das férias, tentamos levá-lo a fazer um balanço do ano que passou. Os balanços são importantes; eles permitem olhar para aquilo que prometemos fazer e o que, efetivamente, cumprimos.

Eu sei que é normal ouvir especialistas dizerem que os balanços se devem fazer no final do ano. Não! O final do ano é a altura em que já estamos comprometidos com o ano seguinte. As empresas (e organizações em geral) fazem os seus orçamentos em Setembro-Outubro. Quando chega 31 de Dezembro já estamos todos empenhados em cumprir o que foi determinado aquando da sua aprovação. E se, como profissionais, não tivermos ajustado os nossos procedimentos (mediante um “personal assessment”), não estaremos à altura dos desafios que as empresas nos colocam. 

O melhor momento para fazer esse “assessment” é durante as férias. É verdade que as férias são cada vez menos férias: temos menos tempo, mais “stress”, menos dinheiro… Não obstante, elas fazem mesmo falta. Nem que seja apenas uma semana longe da rotina do trabalho. Para permitir que o distanciamento nos ajude a fazer o contraponto entre o que nos propusemos atingir e o que não cumprimos. Daí o título do artigo desta semana. 

Vou deixar-lhe cinco pistas para poder fazer um juízo minimamente cuidado sobre o ano que passou:

1 – Fixou objetivos para este ano?
Sim – Enumere-os e percorra-os, um a um.
Não – Já pensou que sem objetivos não podemos avaliar se progredimos?

2 – Se na pergunta anterior a resposta for “não cumprido” em alguns itens, analise porquê:
- Responsabilidade sua - Tente perceber a razão e corrija os procedimentos.
- Responsabilidade da empresa – Fale com o chefe e proponha mudanças.

3 – Detetadas as áreas onde existe “underachievement”, sente que o problema é recorrente? Ou seja, acha que se repete?
- Sim – Tem os “skills” certos para essa função? Se não tem, acha que pode corrigir o problema com formação? Se a resposta for “sim”, fale com o responsável de RH e desenhe um plano.
- Não – Neste caso, alguns ajustes poderão ajudar a corrigir o problema. Já pensou em recorrer ao “coaching”?

4 – Falhou em todos os objetivos?
- Sim - Gosta do que faz? Gosta do que faz mas não gosta da empresa?
- Se não gosta do que faz, ou da empresa, o melhor é pensar em mudar. É verdade que os tempos estão maus para mudanças, mas a decisão não tem de ser repentina. Desenhe um “roadmap”, com objetivos intermédios e datas. Mas não mantenha a situação indefinidamente: ninguém atinge a excelência se não gostar do que faz ou do empregador para quem trabalha.

E para o final fica uma sugestão: lembra-se do artigo sobre a Maria Pereira? Aquela menina que ficou sem bolsa em Portugal e foi estudar para Londres, pagando os estudos trabalhando em part-time no fast-food “Nando’s”? Se não se lembra, releia o artigo. Que tal você, que dirige pessoas, colocar como objetivo para o próximo ano a deteção de pessoas com o seu perfil?

O profissional do futuro tem três caraterísticas: é lutador; interessa-se pelo modelo de negócio e quer ser agente de mudança.

Prometo voltar ao tema mas, entretanto, peça aos quadros da sua empresa para contratarem todas as “Marias Pereira” que puderem.

 

 

Camilo-Lourenço-FotoNovaCamilo Lourenço é licenciado em Direito Económico pela Universidade de Lisboa. Passou ainda pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque e University of Michigan, onde fez uma especialização em jornalismo financeiro. Passou também pela Universidade Católica Portuguesa. Comentador de assuntos económicos e financeiros em vários canais de televisão generalista, é também docente universitário. Em 2010, por solicitação de várias entidades (portuguesas e multinacionais), começou a fazer palestras de formação, dirigidas aos quadros médios e superiores, em áreas como Liderança, Marketing e Gestão. Em 2007 estreou-se na escrita, sendo o seu livro mais recente “Saiam da Frente!”, sobre os protagonistas das três bancarrotas sofridas por Portugal que continuam no poder.