Como evitar entrar em colapso

Como evitar entrar em colapso
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Sente que está quase a quebrar? Saiba como descomprimir de modo a evitar entrar em exaustão, ou o denominado burnout.

Pressente que se aproxima: o mal-estar, a fadiga, irritabilidade e falta de interesse. É mais difícil motivar-se para fazer o que precisa de fazer. Está a encaminhar-se para o colapso, ou burnout (distúrbio psíquico de carácter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso). E a má notícia é que não tem flexibilidade para tirar algum tempo para lidar com a situação. Mas não tem de ser assim, como explica Gwen Moran, escritora, co-autora de “The Complete Idiot’s Guide to Business Plans”, num artigo na Fast Company.

“Quando falamos de burnout falamos sobre um espectro”, elucida Paula Davis-Laack, fundadora do Davis Laack Stress & Resilience Institute, consultora de stress e resiliência em Milwaukee, nos EUA. Gwen Moran refere que Paula Davis-Laack costuma mostrar aos clientes um gráfico que ilustra o “espectro” do stress, que vai do tédio, num lado, ao “colapso” do outro lado. Nos EUA, cerca de 1 em cada 5 funcionários altamente envolvidos sofre de burnout, de acordo com um estudo da Universidade de Cambridge publicado na revista “Career Development International” em 2018.

Mas o que acontece se se encontra na fase inicial do burnout e está a meio de um grande projeto ou numa altura de maior “aperto”/crise? Não pode tirar uns dias e precisa de manter o desempenho lá em cima. Ainda há ações que pode levar a cabo para evitar o esgotamento antes que atinja um ponto crítico, diz Gwen Moran.

Encontrar o “ponto ideal” do stress
Precisamos de stress na nossa vida, afirma Paula Davis-Laack. Tal motiva-nos e ajuda-nos a evitar o perigo. Ao mesmo tempo, demasiado stress é contraproducente e prejudicial. Encontrar o nosso “ponto ideal” de stress – aquele em que sentimos que temos recursos para lidar com a pressão de uma maneira boa – é uma das chaves para evitar o burnout/esgotamento. Quando estamos neste ponto obtemos os benefícios que o stress proporciona sem os estragos que pode causar.
Este ponto ideal é diferente para cada um de nós. Paula Davis-Laack ajuda as pessoas a descobrirem em que ponto se sentem melhor ao longo de uma linha contínua de stress, bem como o que tal exige delas, e que aspetos ficam fora dessa zona de conforto, em três categorias:
Exigências do trabalho. As tarefas e responsabilidades que exigem esforço consistente e energia no trabalho.
Recursos do trabalho. Os recursos que têm para realizar o trabalho.
Recuperação. O que fazem todos os dias para recarregar e recuperar do que lhes é exigido.
Esta análise ajuda-nos a entender os níveis de stress que podemos gerir melhor, bem como quais os aspetos do nosso trabalho e das nossas ações que estão a contribuir para ficarmos esgotados. Esta perceção pode ajudar-nos a ver quais as áreas que precisamos de resolver para permanecer no nosso “ponto ideal”, declara Davis-Laack.

Fixar o nosso limite
Quando as pessoas estão à beira do burnout, na maioria das vezes não cuidam de si próprias, indica a coach de carreira Amy Sanchez, que trabalha com profissionais que lidam com a questão. Assim, se pensa que se aproxima uma fase de grande desgaste, tem de reforçar os limites. Primeiro, “pare de dizer ‘sim’ a tudo”, diz a executiva. “As empresas são notórias por continuarem a empilhar trabalho em cima das pessoas até que estas retrocedam. É alguém que nunca diz ‘não’? Se é, nunca vai sair de debaixo da sua pilha de trabalho. Há formas profissionais de dizer que assumir mais compromete a qualidade dos projetos em que está focado, acrescentando que ficaria feliz em aceitar mais [algures] no futuro”, esclarece Amy Sanchez.

Paula Davis-Laack adianta que pode ser mais fácil trabalhar para obter mais recursos do que reduzir a carga de trabalho. “É difícil para muitas pessoas diminuir a quantidade de trabalho, ter menos e-mails ou não participar em tantas reuniões”, explica. E avança que, se se concentrar em construir relacionamentos fortes com os seus colegas, em pedir feedback e em comunicar melhor, pode construir uma rede de apoio de pessoas em quem pode confiar quando precisar de ajuda.

Desligar a cada dia
Os perigos da cultura de estarmos “sempre ligados” estão bem documentados. Encontrar janelas de tempo para desligar todos os dias e recuperar reduz o stress e aumenta o envolvimento, afirma o psicólogo organizacional Marc Prine, fundador da americana MIP Consulting (empresa de consultoria no local de trabalho). Sendo que encontrar tempo de recuperação pode significar meditação ou exercício. Ou pode ser tão simples como desligar o telefone e dedicar-se a algo de que gosta de fazer, diz Marc Prine. “Pode pensar: ‘Vou só dar uma olhadela ao e-mail enquanto vejo televisão’ – não faça isto; desligue realmente. Pode não conseguir tirar uma semana ou uns dias de folga, mas pode tirar algumas horas e aproveitar o tempo que puder, tornando-o significativo”.

Projetar o dia de trabalho
Outro remédio eficaz é termos maior controle sobre o nosso dia de trabalho e projetá-lo na medida do possível, refere Paula Davis-Laack. Concentrarmo-nos nos momentos em que temos mais energia, e planear fazer as tarefas de elevado valor nesses momentos, deixando as respostas aos e-mails e outras tarefas de rotina para as alturas de menos energia. É pensar em como podemos voltar a entrar em contacto com a parte significativa do nosso trabalho e fazer mais as tarefas e projetos de que gostamos, explica. Além de que os relacionamentos também podem ajudar a evitar o esgotamento. Há que procurar formas de voltar a ligar-se com colegas de trabalho e trazer mais alegria para o seu dia. “Penso em projetar o dia de trabalho em algo como: de que forma podemos mudar o nosso trabalho sem sair do trabalho? Estratégias diferentes para nos ajudar a mudar, reenquadrar, e olhar para o que o nosso trabalho realmente é. Porque a maioria de nós não consegue o emprego perfeito. Obtemos uma descrição do trabalho, e depois temos de o tornar nosso”, afirma. E adianta que, geralmente, temos mais controle do que pensamos sobre aquilo que fazemos e sobre como pensamos no trabalho.

Se sofre de cansaço e está a ter dificuldades em lidar com o stress, provavelmente o seu discurso interno também está a sofrer, diz Ami Sanchez. E pode estar a piorar as coisas ao concentrar-se no que está errado com o seu trabalho e a sua vida. No entanto tem a possibilidade de controlar a sua narrativa. “Preste atenção às mensagens que está a passar a si mesmo, para que não continue a aumentar seu fardo”, aconselha.

Encontrar algo pelo que ansiar
Pense nos seus objetivos de carreira ou em como melhora a vida dos clientes da empresa, por exemplo – ou em qualquer parte do dia que possa dar significado ao seu trabalho. Encontrar as áreas em que faz a diferença ou que ajudam a alcançar os seus objetivos pode dar-lhe motivação extra para lidar com os aspetos que sugam a energia no seu trabalho, afirma Marc Prine.

Paula Davis-Laack tem uma tática que ajuda os clientes a pensar no dia a dia de forma mais positiva: mudar as passwords. Aos stressados ela recomenda que pensem num grande objetivo, numa emoção positiva ou em algo pelo qual estejam ansiosos. E, em seguida, que mudem a password no sentido de integrar o conceito, dado que faz com que pensem no mesmo sempre que a digitarem. “Isto faz com que o cérebro trabalhe, de modo subconsciente, em direção a um objetivo que é importante”, explica.

Como conclui Gwen Moran, atenuar a fase inicial do burnout ou enfrentá-la pode ajudar a evitar um caso mais sério e que requer mais tempo de recuperação.

25-09-2018


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