Quem já não teve uma sessão de formação na empresa tão pouco interessante que deu por si a olhar para o relógio a cada cinco minutos enquanto lutava para permanecer acordado? Porque é que as empresas fazem os seus melhores e mais brilhantes funcionários passar por este tipo de provação?
Felizmente, existem algumas formas de injetar mais vida nos programas de desenvolvimento das equipas de liderança. Uma maneira de o fazer é tornar a aprendizagem num jogo, com a abordagem conhecida como gamification (ou gamificação).
Simplificando, a gamificação é a aplicação de técnicas de jogo ou elementos de jogos no local de trabalho ou noutros contextos nos quais não costumam ser utilizados com o intuito de motivar os colaboradores a atingirem os objetivos. Embora na maior parte das vezes envolva tecnologia digital, como programas de computador que permitem aos funcionários completar tarefas simuladas e ganhar pontos, o termo pode ser aplicado de forma mais ampla para incluir uma variedade de técnicas de aprendizagem interativas, como role playing (interpretação de papéis). Independentemente do formato, a chave está em encontrar uma maneira única de tornar a aprendizagem interativa, competitiva e divertida.
Recorrer à gamificação no processo de aprendizagem temfuncionado bem para uma série de empresas em todos os setores, da Nike à Starbucks. No entanto não significa que seja indicada para todas as organizações. Cabe aos responsáveis de formação e desenvolvimento analisar se se encaixa na estratégia global. Seguem-se cinco perguntas que devem colocar para os ajudar a decidir se faz sentido recorrerem à gamificação para formar a liderança na empresa.
1. Quais os objetivos que queremos atingir?
Nem todos os temas se prestam à gamificação. Pense quais são as competências e/ou conceitos que precisa que os seus líderes dominem. Se é a aprendizagem orientada para o comportamento (como a liderança de equipas virtuais ou aumentar a responsabilidade), a gamificação pode ser uma forma ideal para usar o role playing e atribuir pontos com base no desempenho. Se precisa de cobrir tópicos mais técnicos, pode considerar os cursos individuais online ou de e-learning, e atribuir pontos por cada curso concluído.
2. Como vamos medir o sucesso?
Será que ganhar quer dizer que se entende melhor a matéria? Ou vencer pode ser apenas um caso de sorte? Medir o sucesso depende do tipo de jogo que é jogado.
A gamificação pode complementar as abordagens tradicionais de avaliação de liderança e de desenvolvimento. Embora não seja um substituto das sessões regulares de coaching ou das avaliações de desempenho, a performance de um funcionário em jogos orientados para a formação pode ser uma maneira de avaliar se aprendeu a aplicar novas capacidades. Por isso é importante ter uma forma de medir e acompanhar os resultados ao longo do tempo.
3. Quais são os incentivos?
Quando dada a opção de ouvir uma palestra ou participar num jogo, o mais provável é os funcionários votarem na segunda hipótese. Pode ser mais divertido, mas há outros incentivos para que eles joguem?
Os formandos recordam apenas 10% do que leem e 20% do que ouvem; mas lembram-se de 90% se o fizerem eles próprios, mesmo que seja algo tão simples como uma simulação ou um cenário de role playing. As experiências interativas tendem a ser mais memoráveis; e colocar as teorias em prática pode ser uma forma motivadora de aprenderem. Saber que eles vão ter uma sólida compreensão do material enquanto jogam é um poderoso incentivo, mas fornecer outro tipo de encorajamento – como prémios, crachás ou credenciais que podem incluir no currículo ou perfil do LinkedIn para mostrar que passaram pela formação ou que ficaram certificados – pode motivar a equipa de líderes a trabalhar ainda mais.
4. Que tipo de jogos vão ajudar-nos a alcançar os objetivos?
Se planeia usar a gamificação digital, verifique se pode ser implementada utilizando o software como serviço (SaaS) ou se vai precisar de software personalizado. O SaaS é a forma mais comum de gamificação digital, e é inteiramente baseado na cloud; requer manutenção mínima, e os utilizadores podem aceder a partir de qualquer dispositivo ligado à internet. A desvantagem é que uma abordagem one-size-fits-all (generalizada) pode não funcionar no seu setor ou nos objetivos que está a tentar alcançar; enquanto as soluções personalizadas de software demoram mais tempo e dinheiro para desenvolver, pelo que tem de avaliar os custos.
5. Fizemos esta opção pelas razões certas?
Há muitas razões para utilizar a gamificação na aprendizagem – pode querer criar uma experiência de formação mais interativa, elevar a disposição dos trabalhadores ou melhorar a colaboração entre funcionários. Mas se já existe tensão no escritório ou problemas de coesão, aumentar o nível de concorrência pode fazer mais mal que bem.
Por fim, considere a frequência com que a sua empresa recorre à gamificação e para que tipo de formação. A chave é não contar com este método como o único tipo de formação, mas usá-lo o suficiente para manter os funcionários envolvidos.
A gamificação tem sido implementada com sucesso em grandes multinacionais e pode tornar-se ainda mais popular no futuro, transformando-se numa opção acessível para a sua empresa. Tenha em mente, contudo, que deve ser parte de uma estratégia maior que inclui avaliações e uma variedade de programas de desenvolvimento de liderança.
Fonte: Pulse
26-04-2018
Portal da Liderança