Liderar nunca é um processo fácil. Requer audácia, atenção, estratégia, dinâmica e labor. Requer, igualmente, equipas e estruturas de base. Processos de interpretação de dinâmicas que estejam afinados e segmentados. Liderar é tudo isto, mas não só. Liderar não se esgota na sua própria definição, como não consegue ter uma descrição única e totalmente agregadora.
De definitivo, apenas sabemos que liderar não é tarefa simples. Por isso, estar a comandar os destinos de uma instituição, seja ela pública ou privada, é sinónimo de junção entre dois tempos distintos: a história e o futuro. Partilho convosco o exemplo da Faculdade de Motricidade Humana. Uma instituição a celebrar 75 anos. Um legado carregado de marcas e marcos, sempre sujeito a uma mutação constante, determinada pela evolução natural das sociedades e das circunstâncias económicas, políticas e culturais.
Num mundo que, quotidianamente, gira a uma velocidade estonteante, onde as certezas deixam de o ser numa mera fração de segundo, a liderança está sujeita a novos desafios. Estes surgem e, rapidamente, alteram o nosso dia-a-dia: novas tecnologias (software, hardware, redes sociais, etc.), alterações à legislação e outros normativos que enquadram a nossa atividade, necessidades sociais e económicas, entre tantas outras modificações. A liderança tem, também ela, de se adaptar rapidamente.
Mas como podemos fazer isto?
Como podemos tomar decisões rápidas e eficientes, sem conhecermos a fundo os desafios que temos de encarar?
Este é um problema que os decisores têm de encarar.
- A história pode, e deve, ser um bom aliado neste processo.
- Compreender os fundamentos que alicerçam a nossa instituição.
- Perceber qual a tónica que nos distingue e distancia dos demais.
- Saber ao milímetro aquilo que nos torna o que somos enquanto instituição, facilita o nosso processo de decisão.
- Respeitar a cultura processual da nossa Faculdade, remete-nos para decisões mais acertadas e ponderadas.
- Conhecer as pessoas e as equipas.
- Estimular as relações pessoais e a solidariedade profissional.
- Reconhecer e conhecer quem trabalha connosco, torna o nosso processo de decisão num ato mais eficaz.
A história é o nosso maior aliado, numa visão de futuro. A ação do presente deve ter em si mecanismos que, já no passado, foram coroados de sucesso, adaptando a sua formulação aos novos desafios societais. Esta dinâmica de interação e ligação entre eixos temporais resultará, certamente, num maior índice de decisões acertadas.
A Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, é um bom exemplo desta fórmula: de INEF para ISEF, somos desde 1989 FMH.
Mudámos de nome e até de cultura institucional por diversas vezes, acolhemos novos alunos, atletas, professores, investigadores, trabalhadores técnicos e administrativos. Evoluímos e com isso melhorámos, a nível nacional e internacional. Contudo, a matriz da nossa fundação esteve sempre presente: trabalhar para melhorar o triângulo entre educação, desporto e saúde, tornando-o mais eficaz e adaptado à realidade ao serviço das pessoas e da sociedade.
O futuro de uma instituição com história não se faz à revelia desta. Faz-se de braços dados: honrando o passado, valorizando o presente e construindo o futuro.
José Alves Diniz é Presidente e Professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. É licenciado em Educação Física, doutorado em Ciências da Educação e realizou a sua Agregação na área de Educação para a Saúde. É autor e coautor de diversos artigos científicos e livros, foi Pró-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa e Presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física. Mais informações aqui.