Há cinco atributos comuns aos grandes líderes e que, por norma, estão em falta nos restantes.
Qual a diferença entre Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, e Martin Winterkorn, antigo CEO da Volkswagen? O professor e autor Sydney Finkelstein explica, num artigo na Time, quais os cinco atributos comuns aos grandes líderes, e que estão em falta nos restantes.
Os melhores líderes estão sempre à procura de novas ideias. Já se perguntou por que alguns líderes, como Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, continuam a ter sucesso, e depois há aqueles, como Martin Winterkorn, antigo CEO da Volkswagen, que são postos fora dos lugares cimeiros sem qualquer cerimónia?
Sydney Finkelstein – professor de Gestão e diretor do Leadership Center da Tuck School of Business, Dartmouth College (EUA), e autor de “Superbosses” –, refere num artigo na revista Time que nas últimas três décadas tem vindo a estudar o melhor e o pior da liderança, desde CEO a líderes de governos, e aponta cinco fatores comuns aos líderes mais eficazes:
1. Contratam talento excecional. Contratam os melhores meios sabendo o que procurar. Os três principais critérios que os melhores líderes procuram nos colaboradores são inteligência – e não apenas QI – criatividade e flexibilidade extrema. E estão recetivos ao talento incomum, a pessoas que não se encaixam nos moldes. Foi assim que Bill Walsh (1931-2007), o lendário treinador de futebol americano, levou mais afro-americanos para as fileiras do jogo. Ele viu a oportunidade de talento inexplorado, pronto e capaz de contribuir, e foi atrás dele. O que não só melhorou muito a sua equipa como, pelo caminho, mudou a modalidade em si.
2. São criativos. Quase sem exceção, os melhores líderes estão sempre à procura de novas ideias e esperam que as pessoas que trabalham com eles façam o mesmo. A chave é potenciar a abertura e inovação. Como? Ao incentivar o assumir constante de riscos e a quebra de regras. Norman Brinker, fundador da cadeia americana de restaurantes Chili’s, e cerca de uma dúzia de outros líderes, costumam desafiar constantemente as suas equipas com a pergunta: “o que está a funcionar, e o que não está? – Experimente algo novo”. Estes líderes nunca estão satisfeitos com o status quo; para eles, a mudança é a norma.
3. Adoram boa argumentação. Quantas vezes já esteve numa situação em que o seu chefe deixou bem claro que não está interessado em quaisquer outros pontos de vista? Sydney Finkelstein costuma dizer que, “se alguém está sempre certo, devemos dar-lhe o Prémio Nobel. Infelizmente, é algo que ainda está para acontecer”. Os melhores líderes incentivam o debate e a discussão. Querem saber o que pode correr mal antes que corra mal – desta forma podem ser feitos ajustes mais cedo. Silenciar a sua equipa tem um efeito colateral negativo: as melhores pessoas tendem a sair. Não só fica rodeado por yes-men, como é provável que os poucos conselhos que lhe possam dar sejam fracos. Os grandes líderes têm autoconfiança suficiente para lidarem com as interações que caracterizam as equipas de topo.
4. São responsáveis pelas ações e resultados. O ter de prestar contas acaba por apanhar a maioria dos CEO cujo desempenho é claramente inferior, enquanto os melhores líderes deixam claro o que fizeram e o que não fizeram. O Facebook, por exemplo, foi lento há uns anos no que diz respeito à adoção do serviço móvel, mas Zuckerberg reconheceu o erro e liderou uma grande mudança na forma de atuar da empresa. Não só a decisão foi a mais acertada (as vendas de publicidade móvel foram um elemento-chave no mais recente anúncio de resultados do Facebook), como Zuckerberg assumiu maior responsabilidade no processo. Atitude que contrasta com a reação de Martin Winterkorn, da Volkswagen, após ter sido tornado público o falsear dos testes de controlo de poluição dos modelos da fabricante automóvel: “Não fiz nada de errado”. Claro que, com o estalar do escândalo, viu-se forçado a abandonar o cargo.
5. São professores. Os grandes líderes fornecem várias camadas de lições em simultâneo. Em primeiro lugar, ensinam as nuances técnicas sobre os seus negócios – perceções que os funcionários não obtêm em mais lugar nenhum. Quem melhor que Norman Brinker para ensinar à sua equipa o que é importante e o que não é no negócio da restauração? É igualmente valiosa uma segunda camada de lições: o conselho “vai-ou-racha” que os grandes líderes transmitem sobre como gerir empresas e liderar organizações. A designer de moda e bilionária Tory Burch, por exemplo, refere que foi Ralph Lauren quem lhe ensinou “a importância de ter uma visão completa de uma empresa, desde o produto à comercialização, passando pela imagem das lojas”. Os grandes líderes fazem tudo isto de uma forma altamente personalizada, adequando o feedback e a maneira como o dão a cada pessoa da sua equipa.
Uma das excelentes características dos grandes líderes é fazerem com que pareça fácil. Não é. É preciso coragem, autoconfiança e persistência. Mas estes atributos não se limitam a uns poucos escolhidos. Acrescentemos mais um: os grandes líderes querem ser grandes líderes e estão dispostos a fazer o que é preciso para chegar lá. E isto é uma aspiração que qualquer um pode assumir.
09-03-2016
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