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Portal da Liderança (PL): Tem tido cargos de relevo na academia, na política e nas empresas. Quais os principais princípios de liderança que têm norteado a sua vida? Tomo Psico (TP): Tive uma infância humilde, perdi os meus pais muito cedo. Certamente, que esta faceta da minha vida contribuiu bastante para desenvolver em mim os valores que até hoje me orientam. O respeito pelas pessoas é um deles, pois as pessoas são generosas e dão o melhor de si quando são valorizadas e respeitadas. Outro é a gestão participativa, o saber delegar e ter a consciência de que as coisas só acontecem se eu fizer com que elas aconteçam, ou seja, saber definir objetivos e lutar por alcançá-las (perseverança e necessidade de aprendizagem contínua). Também acredito que o que eu penso e sei nem sempre está correto e nem todos o entendem, pelo que valorizo o saber ouvir e comunicar com os outros. Enquanto pai de cinco filhos também constatei que estes aprendiam mais facilmente com base no exemplo do através das palavras, pelo que privilegio o valor da integridade. PL: Que recomendações daria aos jovens moçambicanos que desejam ascender a cargos de liderança empresarial? TP: Apenas um, que tenham amor ao trabalho. Um líder não é um chefe, pois os chefes são obedecidos e os líderes são seguidos. Isto pressupõe que estes saibam motivar, inspirar confiança e lealdade. PL: Que recomendações daria aos líderes das empresas internacionais que desejam investir e crescer em Moçambique? TP: Que conheçam o modo de ser e estar do nosso povo, não esquecendo a observância da legislação e que as suas empresas sejam socioeconomicamente responsáveis. Estes não se devem restringir à procura do lucro, mas terem uma visão holística numa ótica de continuidade e sustentabilidade, e seguirem a tríade do lucro + responsabilidade social + responsabilidade ambiental.
PL: Quais são os quatro principais desafios que confrontarão os líderes políticos moçambicanos nos próximos 10 anos? TP: Os de manter a estabilidade política, melhorar as condições socioeconómicas do povo moçambicano, redefinir a política e a estratégia de enquadramento da juventude na sociedade e olhar com mais atenção para a questão ambiental no país. Isto, sem contudo, descurar as mudanças necessárias advenientes da envolvente regional, continental e internacional. PL: Para si, o que é o fundamental da liderança? TP: O alcance de resultados. PL: Qual foi a situação que o fez aprender mais em termos de liderança e o que aprendeu? TP: As convulsões laborais numa empresa de têxteis da qual era diretor geral, entre os anos 1985-1992. Estas ensinaram-me a ser paciente, a saber manter a serenidade e a saber ouvir. PL: Quais são os três principais desafios que confrontarão os líderes políticos nos próximos 10 anos? TP: Conseguir preservar a estabilidade política e ambiental no Mundo; a nova ordem económica internacional e repensar o papel das instituições de cooperação internacional; e o desafio de humanizar a globalização. PL: Quais são as três qualidades mais importantes para um líder político nos próximos 10 anos? TP: A integridade, a lealdade e o humanismo. Deve ser alguém que tenha a preocupação de colocar todo o seu saber em prol da melhoria do bem-estar das pessoas. PL: Onde mais tendem a falhar os líderes políticos? TP: Na operacionalização das suas promessas eleitorais e na obsessão pela manutenção do poder independentemente de responderem ou não às aspirações na base das quais foram eleitos. PL: Um dia o que é que o mundo vai dizer de si? TP: Espero ter feito diferença nas organizações por onde passei. Em todas elas aprendi bastante e dei tudo de mim.
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