Nelson Ferreira Pires
O Natal constitui, para além do momento religioso e estímulo para a partilha em família, um dos momentos anuais mais propícios à compra e ao consumo. É uma das alturas em que os marketeers mais podem brilhar, estimulando a sua criatividade ao estimular o desejo dos consumidores! Até porque o Natal, bem como uma das suas personagens mais relevantes – o Pai Natal – são eles próprios um sucesso de marketing! O Natal, ou a data de nascimento de Jesus, foi definido pelo Papa Júlio I no ano de 350. Existia neste período uma festividade romana pagã dedicada ao “nascimento do deus sol invencível”, que celebrava o solstício de inverno, e o Papa utilizou o dia de nascimento de Jesus para cristianizar a festividade pagã. O Pai Natal é um sucesso do marketing da Coca-Cola, que no séc. XX lançou um anúncio de São Nicolau (Arcebispo de Mira na Turquia, no séc. IV, que ajudava anonimamente quem estivesse em dificuldades financeiras ao colocar um saco com moedas de ouro na chaminé das casas, e cuja transformação em símbolo natalício aconteceu na Alemanha) com os trajes vermelhos, que se tornou popular nos EUA e no Canadá, e depois percorreu mundo, sendo hoje uma figura incontornável deste período.
Mas vamos ao que interessa, aquelas que são as oito tendências de marketing e de negócio para o período natalício, para que, no final, “All you want for Christmas is my brand and my product…”:
1.ª O Natal começa cedo para os marketeers, pois, segundo um estudo da Google, 26% dos consumidores começam a fazer as suas compras de Natal em outubro. Portanto, se não começou a preparar o seu plano tático de Natal e a comunicar neste período, esqueça, já chegou tarde! Comece já a pensar em 2016.
2.ª O e-commerce é uma realidade: o online e o mobile fazem parte da nossa vida, portanto, quando pensamos em comunicação de marca, ligação emocional com a mesma e converter interesse em vendas, estes meios têm de estar presentes. Saber como, quando e que canal o consumidor vai utilizar para comprar tornou-se mais simples. Exemplos como a Black Friday, Cyber Monday e Mobile Thursday dão-nos evidências reais de como se faz e um volume de informação bastante útil.
3.ª BOPIS (fazer compras na internet e recolher o produto na loja física): outra tendência generalizada de uma geração dos 35 aos 50 anos, que pretende conforto na compra e rapidez na entrega.
4.ª Customer proximity marketing: cada cidadão merece um produto exclusivo e uma comunicação exclusiva. “O Pai Natal não deveria ser o único a ver se fomos bem ou mal comportados”, e sermos recompensados por tal. Se somos clientes de determinada marca, queremos ser recompensados pela lealdade, quer em termos de comunicação quer de design de produto, através de ferramentas de crowdsourcing. O big data crunch é uma ótima solução para definir qual a estratégia de CRM (customer relationship management) a utilizar.
5.ª Redes sociais: permitem uma interação única com o cidadão e criar relações duradouras. Por outro lado permitem transformar os nossos clientes em potenciais embaixadores da nossa marca e fazer com que divulguem os benefícios (não basta partilhar: conseguir que relatem a sua experiência de utilização é fundamental; importa, no entanto, entender que existem variadas formas de “boca-a-boca” que, corretamente utilizadas e conjugadas, impedem o efeito “quack”). A “one million dollar question” de qualquer marketeer é como ativar a compra diretamente pelo Facebook ou Twitter.
6.ª Tecnologia, simplicidade, rapidez e segurança são os atributos pretendidos pelos cidadãos quando pretendem comprar, nomeadamente quando conjugam canais como o online e o tradicional.
7.ª Análise em tempo real: ROI (return on investment) e KPIs (key performance indicators) são elementos fundamentais na análise de qualquer marketeer. Com a quantidade, qualidade e rapidez de informação disponível conseguimos aceder em tempo real aos resultados das campanhas definidas, pelo que se forem definidos corretamente os KPIs de análise (vendas, vendas por referência, rotação de stocks, canal de compra, etc.) consegue aferir ao segundo o resultado da sua estratégia e corrigi-la caso necessário!
8.ª I have the power: o poder de decisão é do cidadão – se opta pela marca A ou B, se compra hoje ou não compra. E o cidadão está pouco interessado na estratégia e objetivos de cada marca ou marketeer. Portanto estude e analise bem o que o cidadão pretende para que este se torne num consumidor rapidamente!
E já agora, Feliz Natal e um 2016 repleto de sucessos pessoais e profissionais.
18-12-2015
Nelson Ferreira Pires, no cargo de diretor-geral da Jaba Recordati (subsidiária portuguesa da farmacêutica Recordati) desde 2010, tem experiência em várias funções no setor. Licenciado em Direito pela Universidade Moderna de Lisboa, tem um eMBA em Gestão de Negócio do Setor Farmacêutico (UAL Lisboa), uma pós-graduação em Marketing (IPAM - Instituto Português de Administração de Marketing), e uma especialização em Gestão na Indústria Farmacêutica (Universidade Católica). Coordenador e professor convidado de várias pós-graduações desde 2010 do IPAM e da Universidade Europeia, é palestrante convidado em colóquios e conferências, bem como autor de mais de 50 artigos. Ex-presidente da Markinfar - Associação Portuguesa de Marketing Farmacêutico, é membro da direção da Apifarma - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, preside a ACINGEP - Associação Amizade, Cultura, Informação e Negócios Guiné Equatorial Portugal, é curador da Fundação Marquês de Pombal, bem como membro dos conselhos editoriais das revistas Marketeer e Executive Digest. Em 2013 e 2014 Nelson Ferreira Pires foi distinguido como Melhor Gestor de Equipas e Melhor Diretor-Geral, integrando pelo segundo ano consecutivo o ranking “Melhores Gestores de Pessoas”; recebeu o galardão de melhor Empregador do Ano 2013/2014 na final dos European Business Awards (EBA); e foi considerado personalidade do ano de 2014 pela revista Human.