The “shadow” in your corporation - Camilo Lourenço

The “shadow” in your corporation - Camilo Lourenço

No último artigo falámos da importância da detecção de talentos e da necessidade de os desenvolver nas organizações. Hoje vamos analisar outra questão: as organizações estão preparadas para essa missão, de treino e lançamento de novos talentos (dentre os quais podem surgir futuros líderes)?

Qualquer organização tem vários níveis de chefia, do CEO (ou “chairman”, quando for caso disso) ao simples director. Como garantir que em cada um desses níveis, as chefias estão devidamente sensibilizadas para a missão de encontrar futuros líderes?  É que o interesse da pessoa  pode não coincidir com o interesse da organização para quem trabalha. Isto é, a chefia pode sentir que as pessoas que está a ajudar a crescer (e a promover) podem ser uma “sombra” para o seu próprio lugar. Antes de abordar o problema, convém nunca perdermos de vista o facto de estarmos a lidar com seres humanos, com todas as limitações a eles inerentes. Como o (natural) receio de ver alguém ocupar o seu lugar…

Há duas formas de encarar o problema: 

  1. A chefia é demasiado insegura das suas capacidades e não apresenta predisposição para a mudança. Aí a melhor opção será o afastamento, ou a colocação em funções que não impliquem a pesquisa e o desenvolvimento de talentos. A organização não se pode dar ao luxo de ter chefias que se queiram eternizar nas posições que ocupam…
  2. A chefia percebe que as organizações do futuro só sobrevivem se apostarem na procura constante de talentos. Se for este o caso, a empresa deve adoptar uma estratégia com três fases distintas:
    1. Explicar à chefia que só sairá valorizada se tiver sucesso a fazer prospecção de pessoas... de novos chefes. 
    2. Preparar esse quadro para ocupar novas funções logo que o lugar actual seja ocupado por alguém que detectou e treinou (estimulando a rotação de quadros).
    3. Ligar a remuneração variável da chefia… à detecção e lançamento de novos líderes.


Este último ponto é particularmente importante. Se a remuneração estiver ligada ao desempenho, o risco de a chefia descurar a vertente da detecção e de desenvolvimento de pessoas, esta desce verticalmente.

E se a organização não tiver assim tantos “pontos de fuga” na sua estrutura (vulgo lugares de promoção)? É preciso não esquecer que a carreira de um profissional não se esgota nessa empresa: a detecção de talentos e formação de líderes é tão importante que um bom desempenho a este nível fará milagres pela promoção desse profissional no mercado. Por outras palavras, o talento para a detecção e para a formação de talentos não passará despercebida junto de outras empresas. E, mais tarde, ou mais cedo essa qualidade será devidamente reconhecida. Os “head-hunters” estão particularmente atentos aos criadores de líderes…

 


Camilo-Lourenco-CronicasCamilo Lourenço é licenciado em Direito Económico pela Universidade de Lisboa. Passou ainda pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque e University of Michigan, onde fez uma especialização em jornalismo financeiro. Passou também pela Universidade Católica Portuguesa. Entre a sua experiência profissional encontramos redator principal do “Semanário Económico” (desde 1988); coordenador da secção Nacional do “Diário Económico” (de que foi um dos fundadores) desde 1990. Diretor adjunto da revista “Valor”, que ajudou a fundar (1992). Diretor da mesma revista (1993), onde se manteve até 1995. Editor de Economia da Rádio Comercial, de 1992 a 1997. Diretor editorial das revistas masculinas da Editora Abril/Controjornal: “Exame” (revista que também dirigiu); “Executive Digest”, entre outras. Comentador de assuntos económicos da Rádio Capital, de 2000 a 2005. Diretor da revista “Maisvalia” (de 2003 a 2005). Comentador da RTP e RTP Informação, onde passou também a apresentar o programa “A Cor do Dinheiro” (desde 2007). Colunista do “Jornal de Negócios (desde 2007); comentador de assuntos económicos da Media Capital Rádios (desde 2010). Numa das rádios do grupo, a M80, apresenta dois programas: “Moneybox” e “A Cor do Dinheiro”. Comentador de assuntos económicos da televisão generalista TVI, onde apresenta “Contas na TV”. A par destas funções, Camilo Lourenço é docente universitário. Lecionou na Universidade de Lisboa, na Universidade Lusíada e no Instituto Superior de Comunicação Empresarial. Por outro lado leciona pós-graduações e MBA. Em 2010, por solicitação de várias entidades (portuguesas e multinacionais), começou a fazer palestras de formação, dirigidas aos quadros médios e superiores, em áreas como Liderança, Marketing e Gestão. Em 2007 estreou-se na escrita, sendo o seu livro mais recente “Saiam da Frente!”, sobre os protagonistas das três bancarrotas sofridas por Portugal que continuam no poder.