Tem o sono em dia? É só a qualidade da sua liderança que está em jogo

Tem o sono em dia? É só a qualidade da sua liderança que está em jogo
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Como andam os seus hábitos de sono? Tende a ficar acordado “só mais um pouco”, até altas horas? Acontece que ir cedo para a cama pode ajudar a tornar-se no mestre – ou senhora – do Universo, indica um estudo.

Quando se trata das horas necessárias de sono, os grandes líderes tendem a discordar em relação a qual é o melhor hábito. Bill Gates, por exemplo, é conhecido por dormir sete a nove horas por noite, enquanto Martha Stewart diz que só precisa de quatro. Um estudo recente demonstra que há uma ligação entre o sono adequado e a liderança de qualidade.

Nick van Dam, global chief learning officer na consultora McKinsey, e Els van der Helm, enquanto especialista do sono na mesma companhia, entrevistaram 180 líderes de empresas. O resultado? 43% dizem que não dormem o suficiente, pelo menos, quatro noites por semana. Pode parecer uma questão trivial, sobretudo para as pessoas que não precisam de dormir muito, mas não passar entre sete a nove horas de olhos fechados por noite pode ter efeitos negativos na capacidade de liderança, de acordo com neurocientistas da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos EUA.

Nick van Dam e Els van der Hel afirmam que “tais deficiências do sono podem minar formas importantes do comportamento de liderança e, eventualmente, prejudicar o desempenho financeiro”.

Voltando ao estudo, os neurocientistas descobriram que a privação de sono tem impacto na capacidade do cérebro de desempenhar funções executivas, como o raciocínio cognitivo, a resolução de problemas, organização, planeamento e tomada de decisão.

Noutro estudo, realizado junto de 81 organizações e em que foram entrevistadas 189 mil pessoas, a consultora descobriu que as equipas de liderança com elevado desempenho têm geralmente quatro tipos de comportamento: trabalho baseado em resultados, a capacidade de resolver problemas complexos, encontrar diversas perspetivas, e apoiar os outros. Mas este tipo de comportamentos exige funções cerebrais executivas.

Investigação sobre a privação de sono refere que os níveis de desempenho de uma pessoa depois de ter estado acordada entre 17 a 19 horas são comparáveis a ter 0,05% de álcool no sangue, que é cerca de uma a duas bebidas, e o limite legal em muitos países. Mas se trabalhar depois de ter estado acordado 20 horas, o desempenho é equivalente a alguém com 0,1% de álcool no sangue, ou seja, legalmente embriagado.

Um estudo da Universidade de Lubeck, na Alemanha, indica que dormir a quantidade de horas adequada pode ajudar uma pessoa a ser mais produtiva e a encontrar atalhos eficazes para completar tarefas. Outro estudo, publicado na US National Library of Medicine National Institute of Health, encontrou uma ligação entre o aumento do pensamento criativo e ter sonhos enquanto se dorme – ao sonhar pode juntar informação não associada e pensamentos para formar novas ideias.

Nick van Dam e Els van der Hel referem que poucas horas de sono também podem prejudicar a capacidade de interpretar expressões faciais. “Num estado de privação de sono, o cérebro é mais propenso a interpretar mal esses sinais e reage de forma exagerada a acontecimentos emocionais, e tende a expressar os sentimentos com um tom de voz e de forma mais negativos”. “Estudos recentes mostram que as pessoas que não dormem o suficiente são menos propensas a confiar plenamente nos outros. E uma experiência demonstra que os funcionários sentem-se menos envolvidos no seu trabalho quando os líderes têm uma má noite de sono.”

Embora grandes mentes como Thomas Edison só precisassem de dormir quatro horas por noite – o inventor chegou a declarar que o sono era um “desperdício de tempo” –, esta é apenas mais uma evidência de que, provavelmente, deve começar a ir mais cedo para a cama e ter noites mais repousadas.

11-07-2018

Fontes: HBR/Inc.com 


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