Alerta CEO: Quando os seus clientes e os colaboradores não estão consigo, tema pelo seu cargo!

Alerta CEO: Quando os seus clientes e os colaboradores não estão consigo, tema pelo seu cargo!
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Esta semana foi anunciada a deposição do CEO da Mozilla, que ocupava o cargo havia duas semanas*. Os títulos anunciavam que Brendan Eich, criador da linguagem de programação Java Script, tinha sido afastado por ser contra o casamento gay.

Brendan Eich, que se tinha assumido contra o casamento gay na Califórnia e apoiado financeiramente a causa, começou por sentir problemas dentro de portas, com as manifestações de desagrado dos colaboradores, com quem reuniu e aos quais pediu uma nova oportunidade.

Eich chegou a pedir desculpas no seu blog pessoal, mas o descalabro veio quando os clientes se manifestaram e boicotaram o uso do browser Firefox. O site de relacionamentos norte americano Ok Cupid foi mais longe e, cada vez que um utilizador acedia ao site, recebia a seguinte mensagem “O novo CEO da Mozilla, Brendan Eich, é contra os direitos iguais para os casais gays. Por isso, preferimos que os nossos utilizadores não usem o browser da Mozilla para aceder ao Ok Cupid.”

Brendan Eich é livre de acreditar e apoiar as causas com que se identifica. O problema é que, se pretende liderar pessoas, tem de as respeitar e de dar o exemplo, para que estas o sigam. Mais. Nos dias que correm, as pessoas procuram, cada vez mais, trabalhar em empresas em que se sintam parte de um bem maior com que se identificam e, por conseguinte, que também o façam e sintam empatia e inspiração pelo líder.

O mesmo acontece com os clientes que esperam ética e credulidade das empresas com quem interagem. Sendo o líder “o rosto” da empresa, não é de estranhar que as posições sociais que tome, sejam extrapoladas para a organização pela qual dá a face.

É este apoio de Brendan Eich prejudicial para as suas competências profissionais? Por certo que não. São-no é para as suas competências relacionais e inspiracionais, o que se espera de um líder.

Como lembra John C. Maxwell no seu Livro de Ouro da Liderança, “Se quiser ser bem-sucedido, vai precisar do apoio de muita gente. E, se for sábio, irá apreciar e reconhecer o contributo dessas pessoas para o seu sucesso.”

Ora pense. Se ocupa um cargo de liderança, ou se pretende vir a ocupar, só há dois tipos de pessoas que deve ter ao seu redor: os seus apoiantes e os seus mentores. E não se esqueça de que os seus clientes devem ser vistos como parte desses apoiantes! Se perder a sua confiança, por certo que o trocarão pela concorrência. O mesmo farão os talentos que reúne na sua equipa, nos quais pode confiar e sem os quais não alcançará os objetivos a que se propõe.

Dan Sullivan e Catherine Nomura, no seu The Laws of Lifetime Growth, afirmam que “Só uma pequena percentagem de pessoas é continuamente bem-sucedida ao longo do tempo. Esta pequena percentagem reconhece que cada sucesso é o resultado da intervenção de muitas outras pessoas, mostrando-se continuamente grata pelo seu apoio.”

Convido-o a fazer o pequeno exercício que se segue, proposto por John C. Maxwell, para garantir que tem tudo para alcançar e manter o sucesso:

1. Quem o apoia?

Que tipo de apoiantes tem a trabalhar consigo? Considere a seguinte lista:
  • Auxiliares do tempo: pessoas que me ajudam a poupar tempo;
  • Complementadores de talento: pessoas que fazem coisas para as quais não tenho talento;
  • Jogadores de equipa: pessoas que me trazem mais-valias a mim e à minha equipa;
  • Pensadores criativos: pessoas que resolvem problemas e me dão opções;
  • Finalizadores: pessoas que resolvem problemas e me dão opções;
  • Incentivadores de pessoas: pessoas que se desenvolvem e ajudam outros líderes a evoluir;
  • Líderes servos: pessoas que lideram com a atitude certa;
  • Provocadores: pessoas que me ajudam a alargar os limites do meu pensamento e do meu espírito;
  • Especialistas em redes de relacionamentos: pessoas que trazem à minha vida outras pessoas que constituem mais-valias para mim;
  • Mentores espirituais: pessoas que me encorajam na minha caminhada espiritual;
  • Apoiantes incondicionais: pessoas que conhecem as minhas fraquezas, mas que me amam incondicionalmente.

Agora pare e pense como é que a sua equipa encaixa ou pode vir a encaixar nestas categorias de Maxwell. Há categorias em que não tem ninguém? Há outras que não vê aqui presentes? Quais?

2. Como agradece?
Como relembra Maxwell, “uma parte importante de ser um líder eficaz consiste em dedicar algum tempo para mostrar apreço pelas pessoas que nos ajudam a obter sucesso.

Como o fazemos? Já alguma vez agradeceu individualmente a todas as pessoas na sua lista de apoiantes? Já lhes disse que aprecia e valoriza o seu contributo?

Recompensa essas pessoas regularmente? Se não lhes mostrar o seu apreço genuíno regularmente, não vai conseguir manter essas pessoas consigo por muito tempo.”

3. Quem são os seus mentores?
Quem é que o está atualmente a guiar e a encaminhar para o nível seguinte?

Se a sua resposta foi ninguém, então está na hora de procurar alguém que o faça.

E os seus mentores do passado? Já lhes agradeceu?

Aceite a sugestão de, até à próxima semana, lhes fazer chegar um agradecimento e o quão grato lhes está pelo contributo e mais-valias que lhe trouxeram.

Não se esqueça do que pode aprender com o erro de Brendan Eich e tenha sempre o respeito pelas pessoas que lidera e pelos seus clientes, pois deles depende que consiga alcançar os seus objetivos. O mundo é feito de diferenças e delas vem a beleza. Aceite ser quem é e aquilo em que acredita neste momento, mas respeite os que discordam das suas crenças, sejam elas religiosas, sociais ou desportivas! 

*Fonte: Sapo Notícias


fatinha-portal-artigo1Fátima Rodrigues foi gestora do Portal da Liderança e editora de conteúdos da Leadership Business Consulting, tendo sido coordenadora editorial da área de business do grupo Almedina e lecionado na Congrégation Saint-Joseph de Cluny. Esteve ligada vários anos ao Conselho da Europa, onde exerceu funções de formadora do GERFEC em relações interculturais e interreligiosas em contexto corporativo e social.