Inteligência emocional – 10 qualidades de que precisa para a melhorar

Inteligência emocional – 10 qualidades de que precisa para a melhorar
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Regressados de férias, temos de encontrar formas para lidar melhor com o retorno à rotina. Tal passa por entender de que modo podemos influenciar a nossa mente e a das outras pessoas, crescendo emocionalmente em tudo aquilo que fazemos.

Há variadíssimos tipos de inteligência: é nossa função descobri-los e qual a melhor forma de os integrar nas nossas vidas. As fontes de inteligência podem ser medidas em quocientes. A maioria de nós está familiarizada com o QI (quociente de inteligência), associado sobretudo à nossa capacidade de memorizar e de recuperar itens na nossa memória, e ao nosso raciocínio lógico.

Há um conceito mais recente, o QC – quociente de curiosidade, que se refere à capacidade de ter uma forte motivação para aprender um assunto específico. Como explica Christopher D. Connors – escritor, coach e autor best seller na Amazon – num artigo na Global Agenda, do Fórum Económico Mundial, o que costuma despender em pesquisa e a trabalhar com clientes e organizações está relacionado com inteligência emocional. A definição de inteligência emocional (como foi inicialmente avançada por Peter Salovey e John Mayer, mas popularizada pelo autor Daniel Goleman no livro homónimo) é a capacidade de:
- Reconhecer, compreender e gerir as nossas emoções,
- Reconhecer, compreender e influenciar as emoções dos outros.
Em termos práticos, isto significa estar ciente de que as emoções podem impulsionar o nosso comportamento e impactar as pessoas (de forma positiva e negativa), e aprender a como lidar com essas emoções – as nossas e as dos outros – sobretudo quando estamos sob pressão.

Somos criaturas emocionais que tomam frequentemente decisões e respondem a estímulos com base em emoções. Como resultado, a nossa capacidade de crescer em termos de QE (quociente emocional) tem um enorme impacto em todos os nossos relacionamentos, na forma como tomamos decisões e como identificamos oportunidades. O QE é extremamente importante. Através do seu trabalho, Christopher D. Connors identificou dez qualidades que considera serem parte integrante de uma pessoa emocionalmente inteligente, que apresentamos em seguida. Ao partilhar estes conceitos, o coach espera que “ganhe valor e aprenda a entender as formas pelas quais pode influenciar a sua mente e as das outras pessoas, ao crescer emocionalmente todos os dias em tudo aquilo que faz”. 

1. Ter empatia. Christopher D. Connors adora esta definição de empatia: “a capacidade de entender ou de sentir o que a outra pessoa está a experienciar dentro do seu quadro de referência, ou seja, a capacidade de se colocar na posição do outro”.

Há dois tipos de empatia. E no Greater Good Science Center, da Universidade de Berkeley (EUA) descrevem-nos na perfeição:
- Empatia afetiva. Refere-se às sensações e sentimentos que temos em resposta às emoções dos outros; isto pode incluir espelharmos o que essa pessoa está a sentir ou apenas sentirmo-nos stressados quando detetamos o medo ou a ansiedade da outra pessoa.
- Empatia cognitiva. Por vezes chama-se “colocar em perspetiva” e refere-se à nossa capacidade de identificar e de entender as emoções das outras pessoas.

Nós temos empatia com base na reação a outros. Christopher D. Connors acrescenta que a empatia pode ser cultivada e aprendida com a experiência. Basta guardar na nossa memória os sentimentos que nutrimos e colocar tudo em perspetiva; escrever esses pensamentos, analisá-los e determinar que desejamos tratar os outros da mesma forma que gostaríamos de ser tratados. 

2. Ter autoconsciência. É a arte de nos entendermos a nós próprios, de reconhecermos os estímulos com que nos deparamos e, em seguida, nos prepararmos para nos gerirmos de forma proativa e reativa. A autoconsciência é o modo como nos vemos, e também como apercebemos que os outros nos veem (o segundo aspeto, externo, é sempre o mais difícil de avaliar de maneira adequada).

Tasha Eurich, psicóloga organizacional, investigadora e autora best seller do “The New York Times”, afirma que os “líderes que se focam em construir a autoconsciência interna e externa, que procuram obter feedback honesto de críticos que se importam com eles, e perguntam o quê em vez de porquê, podem aprender a ver-se de forma mais clara – e colher as muitas recompensas que o autoconhecimento traz”.

Para si, coloque perguntas introspetivas, anseie por conhecimento e seja curioso. Para os outros, procure feedback num ambiente honesto e atencioso. 

3. Ser curioso. “Eu não tenho talentos especiais. Sou apenas apaixonadamente curioso”, Albert Einstein
Christopher D. Connors refere que ao encontrar uma pessoa curiosa que esteja disposta a aprender e a melhorar está a deparar com uma história de sucesso à espera para acontecer. Quando se é curioso, é-se apaixonado, e quando se é apaixonado é impulsionado a querer ser a melhor versão de si mesmo. As suas “antenas” estão sintonizadas para captar aquilo que adora, a querer crescer e a aprender mais. Esta mentalidade de aprendizagem afeta de modo positivo outras áreas da vida – como os relacionamentos.

Tomas Chamorro-Premuzic refere que, “primeiro, os indivíduos com maior QC são geralmente mais tolerantes à ambiguidade. Este tipo de pensamento com nuances, subtil e sofisticado define a própria essência da complexidade. Segundo, o QC leva a níveis mais altos de investimento intelectual e de aquisição de conhecimento ao longo do tempo, sobretudo nos domínios formais da educação, como a ciência e arte”. (Fonte: HBR) 

4. Ter uma mente analítica. As pessoas emocionalmente mais inteligentes e resolutas são pensadores profundos que analisam e processam todas as novas informações que aparecem no seu caminho. Elas continuam a analisar informação antiga, hábitos e maneiras de fazer as coisas no sentido de conseguir extrair formas de melhorar. Somos todos “analistas” no sentido em que pensamos conscientemente na nova informação com que nos deparamos.

Os mais “batidos” em termos de QE são solucionadores de problemas e filósofos quotidianos que contemplam o “porquê” da existência, o “por que” de por que fazemos o que fazemos, e que se preocupam de modo apaixonado em viver uma vida virtuosa. Ter uma mentalidade analítica significa ter um apetite saudável por uma mente que está a aprimorar-se de forma contínua, e que está sempre recetiva a novas ideias.
 

5. Ter convicção. Uma componente importante da manutenção do autocontrole emocional é usar o poder de acreditarmos em nós próprios tanto no presente como no futuro. É acreditar que as pessoas e as coisas da nossa vida estão lá por um motivo e que tudo acabará por correr da melhor forma.

No entanto a fé por si só não nos ajuda. É preciso agir, claro. Mas quando combinamos a convicção com valores poderosos como trabalho duro, perseverança e uma atitude positiva, estabelecemos a base para um campeão. Todos os grandes líderes e correntes de pensamento utilizam a fé, quer seja num contexto prático, emocional ou espiritual.

Dedique tempo à meditação. Pense na forma como acredita em si mesmo. Engendre uma convicção maior na pessoa que é e em quem quer tornar-se. Confie e acredite que as peças na sua vida vão conjugar-se de uma maneira que o ajudarão a viver com mais ousadia e alegria. 

6. Ter necessidades e desejos. A mente emocionalmente inteligente é capaz de discernir entre aquilo de que precisa e aquilo que seria “bom ter”, que classifica mais apropriadamente como desejos. Uma necessidade, particularmente no contexto da “Hierarquia das Necessidades” de Abraham Maslow, é o nível básico de aspetos como segurança, sobrevivência e sustento. Assim que estes aspetos são satisfeitos podemos avançar para outras necessidades e, claro, desejos.

Um “desejo” é uma casa grande, um bom carro e até um iPhone “novinho em folha”. Não precisamos destas coisas para sobreviver, antes as desejamos, com base nos nossos próprios ensejos ou naquilo que apercebemos que importa para a sociedade. Torne-se bem versado em saber o que precisa realmente para viver, para atingir objetivos e para se sustentar a si e aos seus entes queridos. Certifique-se que distingue de forma muito clara entre o que necessita e o que deseja. As pessoas emocionalmente inteligentes sabem distinguir entre estas duas coisas, e estabelecem sempre as necessidades antes de satisfazer os desejos. 

7. Ter paixão. A liderança inspirada e o amor pelo que faz resulta de ter uma paixão por um assunto ou pessoas. As pessoas com um QE elevado usam a sua paixão e propósito para acender o motor que as impulsiona a fazer o que fazem. Esta paixão é contagiante – permeia todas as áreas das suas vidas e perpassa para quem está à sua volta.

A paixão é o “je ne sais quoi” que, quando sentimos, ou até mesmo quando o vemos nos outros, simplesmente sabemos. A paixão é o desejo natural, o instinto, a motivação, a ambição e o amor motivado por algo ou por alguém. A paixão traz energia positiva que ajuda a suportar-nos e nos inspira a querer continuar. E não é segredo que as pessoas emocionalmente inteligentes e apaixonadas também estão dispostas a perseverar e a progredir, não importa as circunstâncias. 

8. Ser otimista. Se quer potenciar as suas oportunidades, melhorar os relacionamentos e pensar de maneira clara e construtiva, está melhor posicionado para manter uma atitude positiva. De tudo aquilo que tentamos controlar e influenciar, a nossa atitude é o principal aspeto que está sempre sob o nosso controle. Podemos escolher viver cada dia a ser positivos. É assim tão simples.

“Quando estamos felizes – quando a nossa mentalidade e humor são positivos – somos mais espertos, estamos mais motivados e, portanto, somos mais bem-sucedidos. A felicidade é o centro, e o sucesso gira em torno dela”, diz Shawn Achor, investigador americano, autor e orador.
 

9. Ser adaptável. “Adaptabilidade não é imitação. Significa poder de resistência e assimilação”, Mahatma Gandhi

As pessoas emocionalmente inteligentes reconhecem quando devem continuar no seu curso e quando é hora de mudar. Este reconhecimento e capacidade vital de tomar decisões rápidas no seu melhor interesse denomina-se adaptabilidade. Devemos saber determinar quando permanecer no caminho trilhado ou quando optar por outra direção; da mesma forma, quando uma estratégia não está a correr bem, devemos tentar avaliar e determinar se algo mais irá funcionar. Desde a forma como nos tratamos a nós próprios ao modo como tratamos os outros, passando pela nossa rotina diária, há que manter sempre uma mente aberta e estarmos dispostos a adaptarmo-nos e a introduzir novos elementos na maneira como pensamos e no que fazemos.

Ao longo da vida vamos precisar de mudar de rumo e de avaliar se seremos felizes e bem-sucedidos se escolhermos um caminho ou o outro. Há que reconhecer que podemos mudar. É possível começar de novo. Pode nem sempre ser a decisão mais prudente ou sábia, mas só nós saberemos realmente se é ou não. Comece por ter esta opção em aberto. 

10. Desejar ajudar os outros a ter sucesso e ter sucesso pessoal. Por último, mas não menos importante, uma pessoa emocionalmente inteligente está interessada no sucesso e realização em geral – não apenas para si, mas para os seus pares. A sua liderança inspirada e a paixão, combinadas com otimismo, levam-na a querer fazer o melhor para si e para os outros.

São demasiadas as vezes em que ficamos tão absortos e preocupados apenas com “o que há para mim?”. Bem, temos de nos preocupar. É obrigatório. E não se deixe convencer do contrário. Mas da mesma forma que devemos concentrar-nos no nosso interesse próprio também devemos manter um espírito de desejo e a esperança de querer ver as pessoas à nossa volta a serem bem-sucedidas. Não só é uma proteção brilhante contra a inveja e a ganância, como também revitaliza a nossa paixão e nos impulsiona a alcançar o nosso próximo objetivo. Ajuda-nos a ganhar aliados e constrói relacionamentos poderosos que voltam para nos ajudar de forma recíproca.

03-09-2018


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