Quer liderar a inovação na empresa? Precisa de ter um grupo… quente

Quer liderar a inovação na empresa? Precisa de ter um grupo… quente
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Se quer ser responsável pela equipa que está a trabalhar nas ideias novas e cruciais na sua organização, há quatro qualidades que precisa de potenciar enquanto líder. Fomentar grupos quentes também é uma grande ajuda. 

Samuel Bacharach

Tendo trabalhado com inúmeros clientes em vários setores, desde empresas de tecnologia a universidades, tive a hipótese de examinar a inovação organizacional segundo diferentes perspetivas. Quanto mais nos embrenhamos na inovação organizacional mais nos apercebemos de que há uma componente crítica no sucesso da inovação: a forma como as equipas são lideradas. Em grande medida, a capacidade de inovação de dado grupo depende da liderança desse grupo. Ou seja, o que se torna importante é a forma como o líder conduz “grupos quentes” (“hot groups”) – aquelas entidades únicas que servem de incubadoras de inovação real. Um grupo quente, como definido por Harold J. Leavitt e Jean Lipman-Blumen, é “animado, dedicado e com potencial, geralmente pequeno, cujos membros estão direcionados para uma tarefa emocionante e desafiante”.

Apesar de os grupos quentes terem pontos em comum com as equipas, os primeiros são mais dedicados e focados num objetivo ou aspiração em específico. Funcionam sem hierarquia e são muitas vezes diversificados, encontrando-se de forma esporádica em múltiplos locais. Os grupos quentes têm a liberdade de pensar para além das melhores práticas da organização ou das tendências do setor, e atrevem-se a ir mais além. Não tentam completar os objetivos organizacionais ou de negócios, estão focados em seguir um percurso sempre à frente da concorrência.

É frequente os grupos quentes avançarem quando as ideias são partilhadas e discutidas de modo informal. Quando essas ideias criam uma dinâmica acabam por atrair naturalmente pessoas das diferentes unidades de negócios, setores e campos distintos; em seguida são debatidas, aprimoradas e desenvolvidas para resultarem em protótipos.

Os líderes podem desenvolver uma cultura de inovação que incentiva a formação de grupos quentes, mas não podem forçar a primeira faísca de colaboração. Os grupos quentes formam-se naturalmente, no entanto precisam de ser acarinhados pelos líderes. É tarefa do líder garantir que, assim que um grupo quente começa a formar-se, não só sobrevive como cresce. Neste sentido, os líderes em inovação devem ter quatro características.

Ser mentor. Os líderes devem sempre garantir que aqueles que chefiam têm a liberdade e a confiança para serem criativos e lançar grupos quentes. Devem criar um ambiente de segurança onde as ideias podem ser partilhadas de forma aberta e onde o fracasso não só é tolerado como celebrado. Os líderes devem encorajar aqueles com quem trabalham a questionar rotinas, hábitos e processos, e a partilharem os seus pensamentos em público. Devem criar espaços onde as interações podem acontecer e as ideias ser partilhadas.

Ser patrono. Um líder deve fazer o seu melhor para patrocinar grupos quentes assim que estes tenham sido organizados, e fornecer-lhes recursos e tempo. Um líder deve estar atento e partilhar informação que possa ser valiosa para o grupo, bem como proporcionar acesso às ferramentas que possam ser necessárias.

Gerir. O trabalho do dia a dia tem de ser feito e não se pode passar cada minuto a pensar na próxima grande ideia. É tarefa do líder assegurar que os membros do grupo quente também executam as suas funções-chave. E deve ainda gerir aqueles que não estão no grupo quente – quem não faz parte deve sentir-se igualmente valioso e importante; e que o grupo quente não se sinta “especial” por comparação com o resto dos colaboradores. Um líder deve reconhecer o valor e papel de cada um e encorajar todos em todos os níveis.

Mobilizar. Os grupos quentes podem apresentar ideias inovadoras, mas, num contexto organizacional, o trabalho do grupo quente pode ter resistência, atrair pessimistas e céticos. Enquanto líder, tem de proteger os grupos quentes das pressões mais abrangentes da empresa. Os grupos quentes não precisam do stress extra do fluxo constante de críticas. O líder eficaz de um grupo quente deve garantir que as outras pessoas na organização compreendem a importância e o impacto do grupo na mesma; e deve “promover” o grupo quente junto das outras pessoas para garantir o seu dinamismo.

Lembre-se que a inovação nem sempre acontece em isolamento, e nem sempre é o resultado de um solitário momento de “Eureka!”. Afinal, as empresas mais inovadoras nas últimas décadas, como a Apple, a Google, a Microsoft ou a Intel, não dependeram do árduo trabalho e da tenacidade de apenas uma pessoa, mas sim de uma equipa a trabalhar em conjunto, e de uma equipa que poderia ser caracterizada como um grupo quente – com um líder forte. 

09-01-2019

Fonte: Inc.com


Portal da Liderança  


SamuelBacharah Samuel Bacharach é professor de Gestão do Trabalho no McKelvey-Grant, na ILR School da Universidade de Cornell, bem como diretor do Instituto Smithers. Entre os livros publicados encontram-se “Get Them on Your Side” e “Keep Them on Your Side”, ou, mais recentemente, “Transforming the Clunky Organization: Pragmatic Leadership Skills for Breaking Inertia (The Pragmatic Leadership Series)”.