José Epifânio da Franca, Presidente da Portugal Ventures, acredita que estão a fazer "coisas que normalmente não vemos os operadores privados fazerem". Este confessa que "Sempre tive uma vontade quase insaciável de querer fazer parte do mundo". |
2ª Parte da grande entrevista com José Epifânio da Franca. Consulte a 1ª parte .
Portal da Liderança (PL): Que balanço faz da sua atividade na Portugal Ventures?
Alguns destaques:
A Portugal Ventures surgiu para reformar a atividade pública de capital de risco.
Promovemos uma fusão de fundos que nos permitiu criar massa crítica.
O mais importante para mim é o reposicionamento da PV naquilo que é hoje a sua missão.
Não faz sentido a PV continuar a fazer investimentos do tipo de private equity.
Temos reposicionado a empresa naquilo que é venture capital.
Apoiamos empresas de base tecnológica para mercados globais desde o primeiro dia.
Enquanto operador público de capital de risco fazemos coisas que normalmente não vemos os operadores privados fazerem.
Temos um centro na Bay Area, numa parceria com a Leadership Business Consulting.
Não temos ainda hoje em Portugal a maturidade do ecossistema necessária para dar as melhores condições possíveis às nossas startups.
Recorremos a peritos internacionais para nos ajudarem a avaliar os projetos de investimento.
Para a atividade de risco é essencial ter os mecanismos de desinvestimento.
Capital humano e tecnologia são duas coisas particularmente importantes fora do nosso país.
O valor da negociação das empresas em que desinvestimos reflete o valor do capital humano e da tecnologia que tinham.
O melhor que o país tem é o capital humano altamente qualificado.
Portugal não tem tido sucesso na captação de investimento estrangeiro direcionado para capital humano altamente qualificado.
Espero que este ano atrairmos capital internacional para suprir as necessidades.
PL: Qual a situação que mais lhe ensinou até hoje?
Alguns destaques:
Se queremos ter um dia uma oportunidade, temos de estar preparados para ela.
Fazer o doutoramento em Londres mudou-me a vida.
Tive a preocupação e a coragem de conhecer aqueles que eram as minhas referências.
Quis voltar para Portugal, mas sem saber o que queria fazer.
Desenvolvi um grupo de investigação sempre com a preocupação de estar e ser reconhecido no mundo.
Sempre tive uma vontade quase insaciável de querer fazer parte do mundo.
PL. Quem são as suas referências?
Alguns destaques:
No mundo empresarial, as minhas referências são aqueles com quem tenho de competir.
Tinha uma obsessão quase ilimitada em conhecer as empresas com que competia.
Nelson Mandela é uma pessoa absolutamente extraordinária.
PL: Quais as principais diferenças entre fazer negócio na América do Norte, Ásia ou Europa?
Alguns destaques:
Quando estive em Pequim na década de 90, percebi o poder imparável da determinação em progredir que se sentia na China.
Quando há vontade, ambição, e com as referências no mundo, as coisas acontecem.
Nos EUA, a única coisa que importa é o talento.
Os americanos são rápidos e ousados a decidir e muito focados no que interessa.
No Japão, o processo de decisão é longo e com um envolvimento muito alargado.
Depois da decisão tomada, permanecem os valores da lealdade, estabilidade e do compromisso.
Na Europa, apesar de ter vendido para grandes empresas, o estigma de ser português permanecia.
PL: O que Portugal ainda precisa de fazer, para criar e fazer crescer novas empresas competitivas a nível global?
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