Nunca é demais referir que a Quarta Revolução Industrial representa novos modelos de negócio, novos desafios em termos éticos e de segurança, bem como novos direitos e responsabilidades dos líderes. São quatro os princípios para liderar nesta nova era.
Todos os dias surgem novas tecnologias. E todos os dias aumenta a distância entre o progresso e a capacidade da sociedade para lidar com as consequências. Quer se trate de uma mudança na natureza do trabalho à medida que a tecnologia muda os sistemas de produção, ou se trate das implicações éticas da reengenharia, as mudanças que ocorrem à nossa volta ameaçam submergir-nos se não conseguirmos cooperar para as compreender.
Os avanços sem precedentes em inteligência artificial (IA), a robótica, a internet das coisas, os veículos autónomos, a impressão em 3D, a nanotecnologia, a biotecnologia, a ciência dos materiais, o armazenamento de energia, a computação quântica, entre outros, estão a redefinir a indústria, esbatendo as fronteiras tradicionais, e a criar novas oportunidades de negócio. A Quarta Revolução Industrial está a mudar a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Aliás, a maior mudança será nos sistemas sociais e económicos que moldam as nossas vidas.
A Quarta Revolução Industrial representa novos modelos de negócio, bem como novos desafios em termos éticos, de segurança e questões sociais. Mas ainda temos de resolver de forma coletiva questões críticas tais como a propriedade dos dados pessoais, a segurança das infraestruturas e sistemas sociais, e os direitos e responsabilidades dos novos líderes neste cenário de negócios.
Para o professor Klaus Schwab, fundador e chairman executive do Fórum Económico Mundial, os nossos esforços devem centrar-se no impacto da Quarta Revolução Industrial nos seres humanos, na sociedade e no meio ambiente, e não apenas no progresso tecnológico ou na produtividade. E aponta, num artigo na Agenda Global, quatro princípios que devem orientar a prática da liderança à medida que progredimos na Indústria 4.0.
1.º Concentrar-se em sistemas ao invés de nas tecnologias. Isto porque, como explica o docente, as considerações centram-se nas mudanças de grande alcance para as empresas, a sociedade e a política, em vez de na tecnologia em si.
2.º Capacitar-se para dominar a tecnologia. E agir para combater a visão fatalista do progresso, caso contrário não há espaço para o otimismo e para a transformação positiva nas empresas.
3.º Maior colaboração na integração. A colaboração entre os stakeholders deve desempenhar um papel central na forma como integramos as tecnologias transformadoras, ou arriscamo-nos a que o nosso futuro seja construído por defeito.
4.º Focar-se em valores fundamentais em vez de nos bugs. Ver a tecnologia utilizada apenas como uma forma de aumentar a disparidade, a pobreza, a discriminação e os danos ambientais prejudica o nosso futuro; para que o investimento nas novas tecnologias seja justificável, estas devem significar um mundo melhor e não serem sinónimo de aumento da insegurança e de deslocalização.
A liderança nas empresas tem assim uma grande responsabilidade, com a criação de condições para o desenvolvimento de tecnologia segura e socialmente próspera. O professor Klaus Schwab considera que a Quarta Revolução Industrial, e as mudanças sistémicas resultantes, enfatizam mais do que nunca a necessidade crítica para o envolvimento e colaboração em torno de questões cada vez mais complexas. Pelo que precisamos de novas formas de trabalhar em conjunto, e de líderes que resolvam os problemas (que emergem de forma mais rápida que nunca) e assegurem com confiança que as empresas estão a dirigir-se para um futuro tecnológico em que as oportunidades e os benefícios superam os riscos e as incógnitas. A liderança nestes tempos complexos exige assim uma mudança nos modelos mentais, uma alteração radical no envolvimento, e a capacidade de prever coletivamente o futuro que queremos criar. Preparado?
17-10-2018
Portal da Liderança