A inteligência artificial (IA) está em todas as atividades, pelo que há que abraçar – em vez de combater – o seu potencial de utilização. E o líder? Cabe à liderança criar as condições para que as suas equipas possam perspetivar mais ganhos do que perdas.
Vera Alemão de Oliveira
A IA enquanto conceito foi utilizada pela primeira vez a meados da década de 1950 do séc. XX, por John McCarthy. Mas o seu potencial de utilização aumentou só na década de 1990, com os avanços tecnológicos e machine learning. Mais recentemente, o ChatGPT e a Open AI, com o modelo generative pre-trained transformer, vieram de facto revolucionar o potencial de aplicação da IA, conduzindo a transformações significativas em diferentes áreas. Neste contexto, o desafio para os líderes passa por exercer uma liderança eficaz num ambiente cada vez mais digital e num contexto cuja previsibilidade de futuro dos negócios é cada vez mais diminuta.
No entanto, nem tudo são más notícias. A aplicação da inteligência artificial pode levar a melhorias no desempenho das equipas:
1. Redução do tempo em tarefas repetitivas e de menor valor acrescentado: a libertação dos colaboradores para o desempenho de tarefas em que possam acrescentar valor à organização é uma mais-valia para esta e um fator de motivação para os trabalhadores. Atente-se, por exemplo, a tarefas de análise ou inserção de um grande volume de dados, que podem passar a ser executadas de forma automatizada.
2. Tomada de decisão mais rápida e baseada em informação de melhor qualidade: a inteligência artificial pode fazer análises complexas num curto espaço de tempo, permitindo ações mais céleres na resolução de problemas.
3. Personalização junto do cliente: através da análise de padrões de comportamento, de consumo, de deslocação, entre outras possibilidades, de modo a prever necessidades futuras e criar experiências mais enriquecedoras e adaptadas a cada pessoa.
Contudo, a desconfiança ainda é muita e as implicações futuras desconhecidas. O papel do líder deve ser o de criar as condições para que as suas equipas possam perspetivar mais ganhos do que perdas. A inteligência artificial está em todas as atividades e veio para ficar, pelo que há que abraçar – em vez de combater – o seu potencial de utilização.
O que pode o líder fazer?
- Promover a aprendizagem contínua. A IA é uma área em evolução constante, pelo que há que estimular as equipas a quererem manter-se atualizadas sobre as novas tecnologias e aplicações, e criar as condições internas para que isso aconteça.
- Mudar a perspetiva. Em vez de recear a IA e encará-la como uma ameaça, é fundamental perceber a tecnologia como uma ferramenta colaborativa. De que forma a tecnologia – e a IA em particular – pode simplificar o meu desempenho, pode simplificar a minha vida, pode simplificar o meu trabalho?
- Utilizar a IA de forma ética e responsável. Já há muitas questões éticas a ser endereçadas neste momento, como a utilização de imagem e de voz sem autorização do próprio, a geração de imagens recriando o estilo de artistas reconhecidos, entre várias outras. A IA responsável é uma área em crescimento. Cabe aos líderes promover uma utilização ética, responsável e transparente da IA junto das suas equipas e nas suas organizações.
- Criar equipas ágeis e flexíveis. Os líderes devem ser capazes de adaptar as suas organizações às mudanças tecnológicas e adaptar os processos de trabalho, mantendo a agilidade e a flexibilidade nas suas equipas. Para tal há que promover a curiosidade e construir uma cultura de ambição e de adaptabilidade, na base da qual o desenvolvimento de competências e o feedback constante são fundamentais.
O pleno potencial de utilização da IA é ainda uma incógnita, mas sabemos que veio para ficar e já está a ter um impacto transformador em diversas áreas. Ao longo dos séculos, o ser humano foi-se adaptando e incorporando sempre os avanços tecnológicos no seu estilo de vida, permitindo-lhe focar em tarefas mais complexas e criativas. Com a IA não será diferente.
08-11-2023
Portal da Liderança
Vera Alemão de Oliveira, consultora e business coach, é talent manager na LBC, onde desenvolve projetos de Recursos Humanos, gestão da mudança, desenvolvimento de competências e coaching para gestores e executivos. Ao longo do seu percurso profissional dirigiu o departamento de Recursos Humanos de uma empresa com mais de 500 pessoas, foi responsável de comunicação numa multinacional de origem holandesa, e foi membro da comissão executiva de um centro de formação. É também instrutora de yoga, o que lhe permite abordar os temas ligados ao desenvolvimento de pessoas de uma forma holística e integrada, incluindo técnicas de concentração e mentalização para redução de stress e melhoria da qualidade de vida.