Vá a jogo com as lições dos campeões do Leicester City

Vá a jogo com as lições dos campeões do Leicester City
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O Leicester City surpreendeu alguns dos clubes mais ricos do mundo ao conquistar a liderança do campeonato inglês. O que podem aprender os grandes com o título histórico alcançado pelo pequeno clube britânico? – Seis dicas para rematar à baliza com sucesso.

Chris Matyszczyk

Os recém sagrados campeões da Premier League, Leicester City, originários de uma pequena cidade industrial no centro do Reino Unido, eram uma daquelas equipas de futebol que quase todos apostavam que iria ficar no último lugar. Aliás, no início do campeonato, as casas de apostas colocavam Leicester com uma probabilidade de 5.000-1 para ganhar a primeira liga inglesa. Claro que houve quem apostasse algumas libras no milagre… resta saber se estas pessoas estavam sóbrias quando o fizeram (como foi o caso de Leigh Herbert, que estava alcoolizado quando apostou seis euros na vitória do Leicester City, o que lhe rendeu acima de 25 mil euros).

Voltemos à equipa: tinha acabado de contratar o treinador e ex-futebolista italiano Claudio Ranieri. Aos 64 anos, o técnico distinguia-se sobretudo pelo facto de nunca ter treinado um onze vencedor de uma primeira liga, em qualquer campeonato, em qualquer país. Quanto à equipa em si, não tinha jogadores que fossem cobiçados por qualquer outro clube. No entanto, o Leicester City acaba de ganhar o campeonato inglês – após um empate entre o Tottenham e o Chelsea, é certo, mas ganhou. Eis o que podemos aprender com este improvável triunfo: 

1. Não deixe ninguém dizer que é pequeno
Em nenhum momento da época o Leicester City se comportou como se fosse indigno de estar na Premier League (ainda há um ano lutava pela manutenção). Era suposto a equipa passar despercebida. Mas os jogadores aprenderam rapidamente que o futebol é um jogo em que existem 11 pessoas em ambos os lados, as regras são (mais ou menos) as mesmas para ricos e pobres, e qualquer um pode marcar ou cometer erros

2. Tenha fé nos funcionários que tem, não nos que deseja ter
Claudio Ranieri é um homem calmo. Não foi para os media com o discurso de que o proprietário do clube não estava a gastar dinheiro suficiente na equipa ou com qualquer outro tipo de argumentos. Trabalhou com o que tinha. E obteve o melhor de jogadores que poucas outras equipas desejavam ter. O treinador permitiu-lhes serem o melhor que podiam ser. E eles tornaram-se melhores.

3. Não tem de ser negativo para ganhar
A Premier League está repleta de equipas que venceram por jogarem futebol negativo (característica por norma apontada a qualquer equipa treinada por José Mourinho, por exemplo). Estes clubes aprendem a defender em primeiro lugar. Em contraste, a equipa do Leicester sabe como se defender (o treinador é italiano…), mas tem jogadores como o argelino Riyad Mahrez, o japonês Shinji Okazaki ou o inglês Jamie Vardy – que a maioria das pessoas nunca tinha visto antes em campo.

4. Às vezes só precisa de estar no sítio certo no momento certo
Riyad Mahrez, antes num clube francês (jogava na equipa B do Le Havre), admitiu que nem sabia que Leicester tinha uma equipa de futebol. Quanto a Jamie Vardy, há quatro anos jogava futebol semiprofissional. N’Golo Kanté, por exemplo, chegou ao Leicester em agosto de 2015, vindo do Boulogne, clube que estava prestes a baixar para a Terceira Divisão do campeonato francês. Marc Albrighton foi considerado dispensável pelo britânico Aston Villa, clube histórico e ex-campeão europeu que este ano desceu de divisão, ficando em último lugar. A equipa do Leicester compôs-se e acabou por bater clubes onde tinham sido investidos centenas de milhões de euros. E Riyad Mahrez acabou por ser eleito jogador do ano da Premier League pelos colegas de profissão. Tudo o que estes jogadores precisavam era a atmosfera certa.

5. Fazer etapa a etapa
Ninguém no Leicester City pensava chegar tão longe. O mais provável era estarem concentrados em evitar descer de divisão. E se sonhavam deviam, provavelmente, apontar para terminar o campeonato no meio da tabela ou então ganhar a uma das grandes equipas pelo menos uma vez. Tudo o que fizeram foi transitar de um jogo para o outro e experienciar o próprio sucesso a crescer, semana a semana. O Leicester City perdeu apenas três vezes nos 36 jogos desta temporada. Apesar de alguns incidentes isolados, não perderam a cabeça, nem passaram o tempo atrás dos meios de comunicação (talvez não tivessem aprendido a fazê-lo).

6. Podem acontecer coisas boas a quem espera (a vida inteira)
Claudio Ranieri tinha sido selecionador da Grécia, cargo de que foi demitido no final de 2014 (após a derrota com as Ilhas Faroé). O treinador viu técnicos seus contemporâneos ganharem campeonatos, muitas vezes. Quando os Spurs (Tottenham) empataram com o Chelsea – o que levou o Leicester a conquistar o título – Ranieri não assistiu ao jogo. Estava na viagem de regresso a uma visita à mãe, em Itália. Entretanto, o técnico declara no site do clube que “não esperava isto. Sou um homem pragmático, queria apenas ganhar jogo após jogo e ajudar os meus jogadores a progredir semana após semana. Nunca pensei muito até onde nos levaria”. Em declarações aos media adianta querer “reforçar o plantel, mas só com jogadores com a mentalidade que aqui temos. Quem vier sabe que terá de trabalhar arduamente”. 

Fonte: Inc.com 

05-05-2016


ChrisMatyszczykChris Matyszczyk, à frente da empresa americana Howard Raucous, aconselha clientes nas áreas de publicidade e marketing. Em 2013 o executivo foi considerado pelo MediaPost a pessoa mais influente na Madison Avenue (uma das principais avenidas de Nova Iorque, EUA).