O trabalho do líder é tirar os colaboradores das suas zonas de conforto. É sua função impulsioná-los e desafiá-los – bem como a si mesmo – a pensar e a ver o negócio por um novo prisma.
John Hingley
É o tipo de líder que se esforça por manter tudo na mesma (talvez não seja grande fã de mudança…)? Ou é do género que percebe os benefícios de “agitar as águas” de vez em quando, que não tem receio de ir contra a corrente e até mesmo de questionar a própria autoridade?
À superfície, ser disruptor pode parecer uma má proposta. Soa a algo que poderia virar a empresa de cabeça para baixo. No entanto, com a abordagem certa, tal não tem de acontecer.
Por exemplo, no ano 2000, John Casey, funcionário da Apple, enviou um mail na empresa com desenhos daquilo que apelidava de Telipod. Num ápice, estavam a ser pedidas patentes, e Steve Jobs atribuiu uma grande equipa ao “Project Purple”. E o resultado é o iPhone.
“Disrupção” significa mudar radicalmente (uma indústria, estratégia de negócios, etc.), ao introduzir um novo produto ou serviço que cria um novo mercado.
Vejamos a decisão da Netflix de cobrar pelo serviço gratuito de streaming. Foi ótimo para um número de clientes, mas para outros nem por isso. Será que o CEO, Reed Hastings, agitou as águas? Claro que sim. Durante um tempo teve más reações dos clientes e um menor crescimento no número de assinantes, mas entretanto a opção tornou-se num sucesso.
As pessoas não gostam de sair da sua zona de conforto, desde os funcionários aos clientes. Por norma, a maioria fica-se por uma área e sente-se bem em permanecer lá por um tempo indeterminado. O trabalho do líder é tirar os seus colaboradores das suas conchas. É sua função impulsioná-los e desafiá-los – bem como a si mesmo – a pensar e a ver o negócio por um novo prisma.
Três formas de agitar as águas
Se está pronto a avançar, é imperativo que tenha a abordagem correta. Seguem-se três aspetos a considerar:
1. Fazer a pesquisa necessária com antecedência
Ou seja, não se precipite para uma ideia só porque lhe soa bem. Antes de fazer algo que terá impacto nos outros precisa de considerar os prós, os contras, e a sua abordagem geral. Certifique-se de olhar bem para a concorrência, o seu setor e o que está a acontecer no mercado. Faz tudo parte da equação.
Dica: Apresente as suas ideias a um grande número de pessoas na sua rede, incluindo colegas de trabalho, clientes e profissionais do setor – duas ou três pessoas não é suficiente. Se puder, envie um inquérito com questões relacionadas com as novas ideias – pode surpreender-se com as respostas.
2. Incentivar os outros a pensar da mesma forma
Não quer ser a pessoa a fazer todas as mudanças. Pode passar tudo por si enquanto líder/responsável por uma área, mas vai querer as restantes pessoas envolvidas.
Dica: Faça uma reunião para explicar as suas ideias e ouvir o que os outros pensam. Não se surpreenda se ouvir algo que o faça sorrir – pode perceber que também queriam optar pela disrupção, mas estavam simplesmente à espera de permissão para ter iniciativa.
3. Verificar os resultados
Pode agitar as coisas o quanto quiser, mas não fique aquém quando se trata de analisar o bom e o mau. Será que a sua ideia gerou uma resposta positiva? Será que saiu pela culatra? Seja como for, precisa de ter os resultados e definir o que quer fazer a seguir.
Dica: Antes de implementar uma nova ideia, responda a esta pergunta: como vai avaliar a eficácia? Se não tiver uma resposta, dê um passo atrás antes de avançar. Implemente formas para que possa controlar se é um bom resultado ou se precisa de voltar a pensar no conceito.
Quando agita as águas acontece algo (bom ou mau). Precisa de analisar os resultados, ajustar o plano, e continue a monitorizar a situação.
Vencer no final
Quando opta pela disrupção é natural que tenha medo. Vai parecer que perdeu o controle. Pode até sentir que cometeu um grande erro. O que importa é que terá aprendido algo no final. Muitas empresas atingiram o topo porque se atreveram a ser diferentes. Estavam dispostas a pensar fora da caixa, mesmo que significasse terem uma estratégia que parecia ser errada. Deve permitir-se agitar as coisas. E deve fazer o mesmo com os membros da sua equipa – só assim vão surgir novas ideias, e a sua empresa estará em condições de alcançar melhores resultados. E é isso que quer, certo?
28-06-2018
Fonte: Business.com
John Hingley, cofundador da Dasheroo (que vendeu em 2016) foi cofundador da VerticalResponse (adquirida pela Deluxe em 2013). Fundou a empresa de análise de social media Andiamo Systems, comprada pela Techrigy, a Alterian e mais tarde pela HP. Entre outros, construiu o software de negócio direct-to-consumer da Softkey/The Learning Company (posteriormente adquirida pela Mattel).